sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Genética-Parte do Trabalho.

O sequenciamento do DNA é uma série de processos bioquímicos tem por finalidade determinar a ordem dos nucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina) em uma amostra de DNA.
Até meados da década de 70 era muito complicado obter uma sequência de DNA, independente de ser fita simples ou fita dupla. No começo da década de 80, foi desenvolvida uma técnica rápida de sequenciamento, por meio da quebra de uma cadeia de DNA por diversos produtos químicos, sendo os fragmentos visualizados através do processo de eletroforese. Era necessário marcar as moléculas com radiação, devido à baixa produção de material, não podendo ser detectada de outra maneira.
Poucos anos após houve um novo avanço tecnológico foi conseguido por meio da introdução da técnica de interrupção da sequência através da incorporação ao acaso de um nucleotídeo modificado, sendo chamada de técnica de didesoxi ou dideoxi. Essa técnica, de imediato, tomou o lugar da anterior, possibilitando o desenvolvimento de sequenciadores automáticos de DNA. O sequenciamento manual ainda existe, mas é muito mais trabalhoso, caro e arriscado, pois utilizam-se substâncias radioativas.

Estrutura Química do DNA

Antes de entendermos o processo de sequenciamento de DNA, é importante relembrarmos a estrutura dessa molécula.
A estrutura química do DNA foi elucidada por Miescher, Kossel, Levene e Chargaff, que consiste em uma macromolécula de ácido nucléico composta de 3 tipos de moléculas: um açúcar de 5 carbonos, uma base nitrogenada e um grupo fosfato.
Os açúcares dos ácidos nucléicos, denominados riboses, consistem em cinco carbonos, sendo que desses, quatro encontram-se unidos por uma molécula de oxigênio, em formato de anel, e o quinto carbono encontra-se projetado para fora desse anel. A cada cadeia de carbono ligam-se átomos de hidrogênio ou grupos hidroxilas.
O segundo componente do DNA é a base nitrogenada, formada por duas purinas, a adenina (A) e a guanina (G), e por duas primidinas, a timina (T) e citosina (C). O terceiro elemento, o grupo fosfato, é composto por um átomo de fósforo ligado a quatro moléculas de oxigênio, que frequentemente estão carregados de cargas negativas, tornando o DNA ácido. O fosfato sempre se liga ao carbono 5’ da ribose.
Posteriormente, Watson e Crick desenvolveram um modelo demonstrando que o DNA se assemelha a uma escada em caracol, onde as cadeias polinucleotídicas estão em sentidos opostos e são mantidas unidas por meio de pontes de hidrogênio e ligações covalentes entre o açúcar e o grupo fosfato.

Sequenciamento de DNA

Um dos métodos mais usados é a “técnica de desoxi”, também conhecida como terminadores de cadeia ou Sanger (em homenagem a Fred Sanger, que propôs a técnica em questão).
A síntese de DNA se inicia por meio de um oligonucleotídeo, sendo continuada ao longo da seqüência do molde pela enzima DNA polimerase, incorporada aos nucleotídeos e sintetizada a nova fita. Estão presentes nessa técnica dois tipos de marcadores nucleotídeos: os “normais” (deoxi) – dATP, dGTP, dCTP e dTTP; e os dideoxinucleotídeos (não possuem o grupo hidroxila no carbono 3’) – ddATP, ddGTP, ddCTP e ddTTP, sendo estes marcados com material fluorescente.
A polimerização do DNA prossegue, sendo incluídos os nucleotídeos deoxi até o momento em que a DNA polimerase, por acaso, insere um dideoxinucleotídeo, interrompendo assim a polimerização. Ao final de todo esse processo são observados fragmentos de tamanhos distintos. Essa reação é transferida para um gel onde, após o processo de eletroforese, é observada a migração dos fragmentos.
Quando o método utilizado é o manual, os dideoxinucleotídeos são marcados com radiação e não com substâncias fluorescentes, sendo então necessária uma radiografia para a visualização da seqüência de DNA. Já no seqüenciamento automático, o seqüenciador identifica os fragmentos por meio da incidência de laser sobre os dideoxinucleotídeos fluorescentes. Por fim, o seqüenciador mostra um gráfico onde cada nucleotídeo é referenciado com cores distintas.


Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sequenciamento_de_ADN
http://www.cca.ufscar.br/lamam/wp-content/uploads/2010/07/sequenciamento.htm
http://www.ufpe.br/biolmol/aula8-sequenciamento.htm
http://www.geth.org.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=194

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

o sorriso é a manifestação dos lábios quando os olhos encontram o que o coração procura.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A História da Odontologia no Brasil
Por Elias Rosenthal, CD - Jornal APCD - outubro de 1995.

A Odontologia praticada no século XVI, a partir da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, restringia-se quase que só as extrações dentárias. As técnicas eram rudimentares, o instrumental inadequado e não havia nenhuma forma de higiene. Anestesia, nem pensar. O barbeiro ou sangrador devia ser forte, impiedoso, impassível e rápido.

Os médicos (físicos) e cirurgiões, ante tanta crueldade , evitavam esta tarefa, alegando os riscos para o paciente (possibilidade de morte) de hemorragias e inevitáveis infecções. Argumentavam que as mãos do profissional poderiam ficar pessadas e sem condições para intervenções delicadas. Os barbeiros e sangradores eram geralmente ignorantes e tinham um baixo conceito, aprendendo esta atividade com alguém mais experiente.

Em 1600, havia no Rio de Janeiro 300 colonos e suas famílias. Por certo deveriam existir "mestres" de vários ofícios, inclusive mestres cirurgiões e barbeiros, que "curassem de cirurgia, sangrassem, tirassem dentes, etc."

Para exercer esta atividade os profissionais dependiam de uma licença especial dada pelo "cirurgião-mor mestre Gil", sendo os infratores autuados, presos e multados em três marcos de ouro ... (segundo anorma da Carta Régia de 25 de outubro de 1448, de El-rei D. Afonso, de Portugal, dando "carta de oficio de cirurgião-mór destes reinos"). A carta de ofício não se referia aos barbeiros e sangradores, havendo a possibilidade destes profissionais terem obtido licença do cirurgião-mór de Portugal.

Somente em 09 de novembro de 1629 houve, através da Carta Régia, os exames aos cirurgiões e barbeiros. A reforma do regimento em 12 de dezembro de 1631 determinava a multa de dois mil réis às pessoas que "tirassem dentes" sem licença. Parece que sangrador e tiradentes, oficios acumulados pelos barbeiros, eram coisas que se confundiam, podendo o sangrador também tirar dentes, pois nos exames de habilitação tinham de provar que durante dois anos "sangraram" e fizeram as demais atividades de barbeiro.
Para avaliar o significado e conceito de "barbeiro" temos na quarta edição do Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Eduardo de Faria, publicado no Rio de Janeiro em 1859:
Barbeiro:s.m. - o que faz barba; (antigo) "sangrador", cirurgião pouco instruido que sangrava, deitava ventosas, sarjas, punha cáusticos e fazia operações cirúrgicas pouco importantes. -* Obs.: Nessas cirurgias pouco importantes incluiam-se extrações dentárias.

Em 1728, na França, Piérre Fauchard (1678-1761) com seu livro: Le Chirugien Dentiste au Traité des Dents, revoluciona a odontologia, inovando conhecimentos, criando técnicas e aparelhos, sendo juntamente cognominado "o pai de Odontologia Moderna".
Nesta época começava a exploração do ouro no Estado de Minas Gerais, com grande afluxo de interessados e José S. C. Galhardo é nomeado pela Casa Real Portuguesa, cirurgião-mór deste Estado, regulamentando os práticos da arte dentária.

Pela lei de 17 de junho de 1782, para uma melhor fiscalização nas colônias portuguesas, em lugar de físico e cirurgião-mór, foi criada a Real Junta de Proto-Medicato. Constituida de sete deputados, médicos ou cirurgiões, para um período de três anos, caberia a estes o exame e a expedição de cartas e licenciamento das "pessoas que tirassem dentes".

Nas últimas décadas deste século, Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) praticou a Odontologia que aprendera com seu padrinho, Sebastião Ferreira Leitão. Seu confessor, Frei Raymundo de Pennaforte disse sobre ele: "Tirava com efeito dentes com a mais sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo, que pareciam naturais".

Nesse período os dentes eram extraidos com as chaves de Garangeot, alavancas rudimentares, e o pelicano. Não se fazia tratamento de canais e as obturações eram de chumbo, sobre tecido cáriado e polpas afetadas, com consequências desastrosas. A prótese era bem simples, esculpindo dentes em osso ou marfim, que eram amarrados com fios aos dentes remanescentes. Dentaduras eram esculpidasem marfim ou osso utilizando-se dentes Humanos e de animais, retendo-as na boca por intermédio de molas, sistemas usados na Europa. Porém no Brasil, era tudo mais rudimentar.

Os barbeiros e sangradores aprendiam o ofício com um mais experiente e tinham que provar uma prática de dois anos sob a vista do mesmo. Após pagar a taxa de oito oitavos de ouro. Submeter-se-iam a exame perante o cirurgião substituto de Minas Gerais e dois profissionais escolhidos por este. Aprovados, teriam suas cartas expedidas e licenças consedidas. No final do século XVIII, mais precisamente em 23 de maio de 1800, cria-se o "plano de exames", um aperfeiçoamento das formalidades e dos exames. é encontrado pela primeira vez em documentos do Reino, o vocábulo "dentista". Convém lembrar que foi criado pelo cirurgião francês Guy Chauliac (1300-1368), aparecendo pela primeira vez em seu livro "Chirurgia Magna" publicado em 1363.

Em 07 de março de 1808, fugindo das forças francesas, o príncipe regente D. João VI, sua corte e a nata da sociedade portuguesa (cerca de 15 mil pessoas) chegavam a Savador, tornando-se o Brasil por esta contigência sede do reino. Houve um grande surto de progresso.
No hospital de São José, na Bahia, criava-se a Escola de Cirurgia, graças a interferência do Doutor José Correa Picanço, físico e cirurgião-mór; em nome da Real Junta do Proto-Medicato. Nada beneficiou os dentistas na ocasião. Picanço, a seguir, não só licenciou os profissionais da corte, como sete negros, de baixa classe social, alguns até escravos de poderosos senhores.
Havia nesta época dois ditados populares: "ou casa, ou dente" - ou "ou dente, ou queixo, ou língua, ou beiço". Indicavam que dado o pouco conhecimento e inabilidade dos "tira-dentes" ocorria frequentemente traumatismos nestas regiões.

Para moralizar esta atividade ante as inúmeras queixas contra os profissionais, o cirurgião-mór determinava em suas "cartas", que o barbeiro poderia exercer a sua arte com restrições, "não sangrandosem ordem de médico ou cirurgião aprovadoe não tirando dentes sem ser examinado". Antes do final de 1808, D. João VI transfere-se de Salvador para o Rio de Janeiro.

Em 07 de outubro de 1809 é abolida a Real Junta do Proto-Medicato, ficando todas as responsabilidades ao encargo do físico-mór e do cirurgião-mór, com a colabora¸ão de seus delegados e subdelegados. O físico-mór do Reino era Manoel Vieira da Silva, encaregado do controle do exercício de Medicina e Farmácia e o cirurgião-mór dos exércitos, José Correa Picanço tinha poderes análogos em relação à cirurgia, controlando o exercício das funções realizadas pelos sangradores, dentistas, parteiras e algebristas.
Alguns cirurgiões também tiravam "carta de sangria" e indiscutivelmente o povo era beneficiado. Nesta época o mestre Domingos, "barbeiro" popular no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, se tornou famoso. O negro mestiço exercia sua atividade também na casa de clientes. Sob o braço levava uma esteira de taboa, que servia de cadeira e uma enferujada chave de Garangeot. Dado a manobras intempestivas, algumas vezes extraía também o dente vizinho, mas cobrava apenas um. Às crianças, sugeriu que o dente extraído fosse jogado no telhado, dizendo antes e por três vezes: "Mourão, toma teu dente podre e dá cá o meu são".
Havia um crioulo muito habilidoso que esculpia dentaduras em osso e as vendia na porta das igrejas, após as missas domingueiras. Era só escolher, não só a mais bonita, como também a que se adapta-se o melhor possível na boca.

Em 1820, o Doutor Picanço concedeu ao francês Doutor Eugênio Frederico Guertin a "carta" para exercer sua profissão no Rio de Janeiro. Era diplomado pela Faculdade de Odontologia de Paris e aqui atingiu elevado conceito, atendendo a maior parte da nobreza, inclusive D. Pedro II e fmiliares. Publicou em 1819, 'Avisos Tendentes à Conservação dos Dentes e sua Substituição', ao que tudo indica, a primeira obra de odontologia feita no Brasil.

Outros dentistas franceses vieram a seguir: Celestino Le Nourrichel, Arson, Emilio Vautier, Henrique Lemale, Eugênio Delcambre, Júlio De Fontages, Hippólito E. Hallais(intitulava-se o dentista das famílias), etc, trazendo o que havia de melhor na Odontologia mundial. Citando, como exemplo, alguns ítens dos Honorários de Guertin:
Dentes artificiais de cavalo marinho ou marfim............................4000 réis
Natural...........................................................................................12000 réis
Incorruptível (porcelana)..............................................................24000 réis

As dentaduras eram constituídas de duas fileiras de dentes, esculpidas em marfim ou adaptadas em base metálica, sendo as arcadas ligadas por molas elásticas. Em 01 de junho de 1824, Gregório Raphael Silva, do Rio de Janeiro, recebeu a primeira "carta de dentista" após a Independência do Brasil.
No dia 30 de agosto de 1828, D Pedro I (1798-1834) suprime o cargo de cirurgião-mór, cujas funções passaram a ser exercidas pelas Câmaras Municipais e Justiças Ordinárias. Mais ou menos nesta época, graças ao francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) que viveu no Brasil de 1816 a 1831, reproduzindo em gravura a vida brasileira durante o Primeiro Império, Há uma única obra iconográfica do século passado relacionada a atividade de profissionais que exercita a Odontologia. Denomina-se "Boutiques de Barbieri" e retrata dizeres: "barbeiro, cabellereiro, sangrador, dentista e deitão bichas".
"A Odontologia é uma profissão que exige dos que a ela se dedicam : os conhecimentos científicos de um médico, o senso estético de um artista, a destreza manual de um cirurgião e a paciência de um monge"

"Até hoje não houve filósofo que padecesse pacientemente uma dor de dente"

Willian Shakespeare.