Entrevistado: Flávio Henrique da S.
Flávio Henrique da Silva é Professor Adjunto do Departamento de Genética e Evolução da Universidade Federal de São Carlos.É graduado em Ciências Biológicas pela UFSCar com pós-graduação no Instituto de Química da USP (São Paulo)Orienta alunos no Programa de Pós-Graduação em Genética e Evolução e Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (ambos da UFSCar).
1.Lendo sobre o senhor descobri que encontrou canacistatina buscando uma proteína que tivesse ação eficaz de defesa contra fungos.como aconteceu?
R. sim, esse foi um teste feito por uma ex aluna de doutorado junto á mim no final de 2000, para isso, foi preciso comparar genes da cana e de outras plantas que já tinham seus genomas conhecidos, como o arroz, e que codificassem uma proteína de defesa. vimos que algumas proteínas, chamadas cistatinas, quando liberadas inibiam as enzimas denominadas cisteíno-proteases, que são utilizadas pelos fungos para invadir a parede dos vegetais.
2.Por que a escolha de proteína eficiente em relação aos fungos ?
R.O que acontece é que nesse caso a proteína foi testada primeiramente contra uma espécie de fungo inofensivo às plantas, o trichoderma reesei, que é empregado na produção de enzimas utilizadas na fabricação de papel.Em contato com a canacistatina, o fungo não foi mais capaz de crescer e se desenvolver. com base nesses resultados, um mês depois de os ensaios terem sido publicados na biochemical and biophysicalresearch communications, os pesquisadores resolveram testar a descoberta contra fungos patogênicos, capazes de produzir doenças. verificaram que a proteína era eficaz contra dois gêneros de fungos mais comuns em lavouras de cana-de -açúcar, o fitsarium e o colletotrichum, que provocam doenças conhecidas como podridões.
3.Como acabar com o crescimento desses fungos ?
R. existem dois gêneros de fungos mais comuns em lavouras de cana-de -açúcar, o Fitsarium e o Colletotrichum, que provocam doenças conhecidas como podridões. Esses microorganismos também atacam e causam danos em plantações de café , laranja, guaraná, pupunha e várias outras culturas agrícolas.Constatamos, da mesma forma, que a canacistatina era capaz de inibir o crescimento desses fungos, o que a tornava potencial candidata a ser utilizada não só como fungicida. mas também como inseticida natural, porque acreditamos que também possa combater larvas de insetos.
4.Você atualmente desenvolve alguma pesquisa ?
R. Sim.Continuo pesquisando a cana-de-açúcar e insetos que a atacam,a produção de enzimas para bioetanol, metagenomica (estudos genomicos ambientais) etc.
5.Quais as vantagens em se produzir proteínas em laboratório?
R. As características desejáveis podem ser obtidas mais rapidamente que utilizando os procedimentos de melhoramento tradicionais. Além disso, as características desejáveis podem ser obtidas de maneira específica, diminuindo o número de características não desejáveis. Por outro lado, características que nunca poderiam ser obtidas em animais e plantas utilizando melhoramento tradicional, podem ser obtidas utilizando transgênicos.
R. vários.No combate a doenças do ser humano, como osteoporose, mal de Alzheimer e alguns tipos de câncer causados por excesso de proteose nas células.Se conseguirmos administrar a formação dessas proteínas, será possível o desenvolvimento de medicamentos.